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Ref.: MpoCa07-003

Caracterização física e térmica da balata (Manilkara Bidentata): Viabilidade de utilização em produtos sustentáveis.

Apresentador: Luiz Henrique Seixas Lucena

Autores (Instituição): Lucena, L.S.(Universidade do Estado do Pará); Rabelo, A.O.(Universidade do Estado do Pará); Santos, N.S.(Universidade do Estado do Pará); Sampaio, M.M.(Universidade do Estado do Pará); Lima, M.S.(Universidade do Estado do Pará);

Resumo:
A balata é um material proveniente da seiva da (Manilkara bidentata) espécie pertencente à família das “Sapotaceae”, que tem seu habitat na floresta amazônica, pode ser encontradas em regiões de altos rios Erepecuru, Curuá, Maicuru, e rio Paru, baixo amazonas, e, particularmente no estado do Pará está presente nos municípios de Almeirim, Monte-Alegre, Alenquer, Prainha e Óbidos. A balata é utilizada no artesanato tradicional, essa atividade recebeu o prêmio “Reconhecimento de excelência da Unesco para os produtos artesanais do Mercosul” (3ª ed) e posteriormente passou a ser considerado patrimônio imaterial do município de Monte Alegre (PA), sancionada pela lei nº 5.256 no dia 13 de outubro de 2020. Além do fornecimento da seiva que dá origem ao material denominado balata, dessa espécie arbórea também se utiliza a madeira para construções pesadas, pisos, embarcações, instrumentos musicais. A seiva da balata é substância leitosa que flui quando a casca da árvore é cortada ou perfurada, sendo recolhida por homens denominados como ‘balateiros’. A seiva da balata é um polímero natural, e quando em estado sólido se comporta como um elastômero, além de poder ser conformada plasticamente quando aquecida à determinada temperatura. O objetivo deste trabalho é fazer estudos de caracterização física e térmica do material, além de avaliar sua viabilidade de uso como matéria-prima sustentável para a indústria têxtil, moda e vestuário pela abordagem do ‘Design conduzido pelo material’ (MDD- matrial driven design). A densidade da balata em seu estado sólido foi determinada pelo método de Arquimedes, obtendo-se o valor de 1,91g/cm3. Para verificar a temperatura de seu estado plástico, usou-se água aquecida em temperaturas variadas, anotando-se as medições periódicas de temperatura e observando a mudança na amostra. Verificou-se que a temperatura de aproximadamente 70°C é a temperatura ideal para a conformação do material sólido, este é o momento em que o material pode ser conformado plasticamente, caracterizando seu estado plástico. As características da morfologia de superfície e microestrutura foram analisadas pela técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV) e são confrontadas com resultados da literatura para a borracha natural, resultando em pontos de semelhança ou característicos apenas da balata. A investigação científica desse material torna-se relevante no sentido de prospectar sua possível utilização no desenvolvimento de um couro ecológico para aproveitamento da indústria têxtil. A balata como matéria-prima proveniente da biodiversidade amazônica necessita ser estudada de maneira mais sistemática, de modo que esse conhecimento científico venha valorizar o conhecimento tradicional das comunidades extrativistas e de artesãos da balata, além de fomentar a conservação dessa espécie contribuindo para a sua utilização sustentável.