Ref.: MceMcc33-003
Apresentador: Paula Munier Ferreira
Autores (Instituição): Ferreira, P.M.(Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro); Delaqua, G.C.(Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro); Vieira, C.M.(Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro);
Resumo:
A prática de incorporar resíduos na produção de cerâmica vermelha é uma abordagem que ganhou destaque nos últimos anos devido às crescentes preocupações ambientais e à busca por práticas sustentáveis na indústria. Essa técnica consiste em utilizar subprodutos de outros processos industriais, como resíduos de vidro, cinzas, lodos e outros materiais descartados, como parte da composição juntamente com a argila empregada na produção de cerâmica vermelha. Essa estratégia não apenas contribui para a redução do impacto ambiental associado à disposição inadequada de resíduos, mas também pode melhorar as propriedades físicas e mecânicas dos produtos cerâmicos finais.
Nesse contexto, este estudo visa avaliar a utilização de resíduo de vidro plano como componente na produção de cerâmica vermelha. Para tanto, empregou-se argila amarela, característica da região de Campos dos Goytacazes-RJ, para formular composições contendo 100% de argila e 70% de argila combinada com 30% de resíduo de vidro, mantendo-se uma umidade de 8%. Os corpos de prova foram confeccionados por prensagem, com uma força de compactação de 15T. Estes foram avaliados quanto à retração linear de secagem e densidade antes da queima. O processo de queima ocorreu em forno de laboratório tipo mufla, na temperatura de 900 ºC, e o resfriamento se deu por convecção natural. Posteriormente, os corpos de prova foram avaliados quanto à retração linear de queima, densidade, absorção de água, porosidade aparente, densidade de Arquimedes, resistência à compressão e à flexão.
Os resultados obtidos evidenciaram a compatibilidade e o potencial do resíduo de vidro para aprimorar as propriedades da cerâmica. Notou-se melhorias significativas na densidade, absorção de água e resistência à compressão e flexão quando o resíduo de vidro foi adicionado em 30%, atribuídas à redução da porosidade decorrente da formação de uma fase líquida e subsequente sinterização promovida pelo vidro. Tais melhorias resultaram em propriedades coerentes com aplicações cerâmicas na forma de blocos e telhas. Em suma, os resultados corroboram a viabilidade do emprego do resíduo de vidro plano, não apenas para aprimorar as propriedades do material, mas também para proporcionar benefícios econômicos à indústria cerâmica e destinação apropriada de resíduos.