Ref.: MceBi33-001
Apresentador: Jéssica Fernanda Ribeiro Oliveira
Autores (Instituição): Oliveira, J.F.(Universidade Federal de Sergipe); Ferreira, D.W.(Universidade Federal de Sergipe); Sarmento, V.H.(Universidade Federal de Sergipe); Santos, E.A.(Universidade Federal de Sergipe);
Resumo:
A albumina é conhecida como uma das primeiras proteínas a adsorverem na superfície de biomateriais devido ao seu tamanho reduzido. Essa adsorção prévia tende a definir, muitas vezes, o comportamento biológico posterior de adesão, proliferação e diferenciação celular sobre esses biomateriais. Os vidros bioativos são uma das classes de biocerâmicas mais usadas em reparos ósseos devido a sua capacidade de indução de formação de hidroxiapatita quando implantados no corpo humano. A formação de hidroxiapatita é um dos fatores mais importantes na definição de biocompatibilidade de um material, assim como a sua capacidade de adsorção de proteínas. Tanto a capacidade de adsorção de proteínas quanto a capacidade de formação de hidroxiapatita são completamente dependentes da microestrutura dos vidros. Neste trabalho, dois vidros foram sintetizados via rota sol-gel em meio ácido variando-se o momento de adição do nitrato de cálcio em relação aos alcóxidos precursores de modo a se produzir diferentes microestruturas: a) antes (58S-a) e após (58S-b) hidrólise dos alcóxidos. Área de superfície, raio e volume de poros dos vidros foram analisados via adsorção e dessorção de nitrogênio. Os testes de adsorção de proteína foram realizados com a imersão dos vidros em solução de albumina sérica bovina (BSA) 1000 µg L-1 por 24 h e determinação via UV-vis. Os vidros 58S-a e 58S-b apresentaram áreas de superfície de 27,0 ± 1,4 e 47,6 ± 2,1 m2 g-1, respectivamente. Os volumes médios de poros foram de 0,179 ± 0,001 e 0,225 ± 0,001 cm³ g-1 e raios de poros de 83,4 ± 0,5 e 23,1 ± 2,7 Å, respectivamente. A adsorção de albumina na superfície dos vidros foi de 32,2 ± 0,2 ?g g-1 para o vidro 58S-a e 34,4 ± 0,4 ?g g-1 para o vidro 58S-b. Ou seja, a adsorção foi maior para a amostra com maior área de superfície e menor raio de poros. Para se avaliar a eficácia/capacidade de adsorção de cada vidro, foram calculadas as quantidades de proteína adsorvida por área de superfície. Os resultados indicam um comportamento oposto ao que foi observado em relação a quantidade de albumina adsorvida por grama de biovidro. Isso demonstrou que apesar do vidro com maior área ter adsorvido mais proteínas, o número de proteínas capturada por área disponível foi menor, indicando uma maior dificuldade de adsorção. O raio médio dos poros medido para a amostra 58S-b foi de aproximadamente 2,3 nm e a albumina é uma proteína de formato elíptico com tamanho médio em torno de 4 nm. Portanto, essa menor capacidade de adsorção pode ser interpretada como uma incapacidade da albumina em se difundir nestes poros menores, ao invés de uma menor quantidade de sítios de adsorção. Portanto, apesar de tratar-se de um vidro de mesma composição, a microestrutura do vidro modulou a capacidade de adsorção de albumina, o que indica a importância de se estudar as microestruturas dos vidros e as rotas de síntese que levam a formação dessas microestruturas diferenciadas.