Ref.: MceCa33-001
Apresentador: Nayara Aparecida Fonseca Couto
Autores (Instituição): Couto, N.A.(Instituto Federal do Pará); Marinho, K.L.(Universidade Federal do Oeste do Pará); Melo, E.C.(Instituto Federal do Pará); Cardoso, S.M.(Instituto Federal do Pará); Saldanha, L.S.(Universidade Federal do Pará); Barreto, I.A.(Universidade Federal do Pará); da Costa, M.L.(Universidade Federal do Pará); Figueira, B.A.(Instituto Federal do Pará);
Resumo:
Zeólitas, aluminosilicatos cristalinos microporosos, são conhecidas como peneiras moleculares devido à sua capacidade de adsorver e separar moléculas com base em seu tamanho e forma. Devido às suas diversas aplicações tecnológicas, como na separação de gases, catálise e aditivos na fabricação de cerâmicas, há um interesse crescente em desenvolver novas rotas sintéticas e identificar materiais de partida para sua produção. Neste trabalho, apresenta-se a síntese de zeólita do tipo Cancrinita, que possui alta capacidade de troca iônica, utilizando fusão alcalina seguida de tratamento hidrotermal como rota de obtenção, e um rejeito da mineração de bauxita da região de Paragominas, no estado do Pará, conhecido como argila de lavagem de bauxita (ALB). A ALB é utilizada como fonte de Si e Al na obtenção da zeólita e se apresenta como uma alternativa inovadora e sustentável, por ser um resíduo industrial abundante que, até o momento, não possui utilização, o que gera problemas ambientais e custos para sua disposição. A utilização da ALB pode contribuir para a valorização desse resíduo e reduzir o impacto ambiental da mineração de bauxita na Amazônia. A amostra de zeólita obtida foi caracterizada através de difração de raios X (DRX) e espectroscopia Raman na faixa de 100 a 1800 cm?¹. Por meio da análise de DRX, foi possível confirmar a obtenção de zeólita Cancrinita hexagonal pertencente ao grupo espacial P6?, com os picos principais em 2? igual a 24,46° (3,63 Å), 27,70° (3,21 Å), 19,16° (4,63 Å) e 14,18° (6,24 Å), com os seguintes parâmetros de cela unitária: a = b = 12,64 Å, c = 5,15 Å, V = 714,22 ų. O tamanho médio de cristalito, calculado pela equação de Scherrer, foi de 34,87 nm. Através da análise Raman, a amostra apresentou bandas em ~144, ~200 e ~396 cm?¹, referentes aos modos de flexão e rotação das ligações O-T-O (T = Al ou Si). As bandas de menor intensidade em ~512 e ~633 cm?¹ são referentes às vibrações de alongamento simétrico T-O-T da estrutura tetraédrica. A banda em ~976 cm?¹ é atribuída às vibrações de estiramento simétrico das ligações Si-O-Al. Os resultados obtidos apresentam pela primeira vez a caracterização por espectroscopia Raman de zeólita do tipo Cancrinita obtida a partir de argila de lavagem de bauxita da Amazônia, que se apresenta como um excelente material de partida com custo competitivo para a produção de zeólitas.