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Ref.: MceCge09-001

INFLUÊNCIA DA CINZA DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR E CURA EM AUTOCLAVE NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS E MICROESTRUTURA DE COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS

Apresentador: Dayana Cristina Silva Garcia

Autores (Instituição): Garcia, D.C.(Universidade Federal de Minas Gerais); Aguiar, M.B.(Universidade Federal de Minas Gerais); Torres, A.d.(Universidade Federal de Minas Gerais); Silva, P.M.(Universidade Federal de Minas Gerais);

Resumo:
O concreto é o segundo material mais consumido no mundo. O seu principal constituinte, o cimento Portland é responsável por emissão de CO2, uso de recursos naturais não renováveis e consumo de grande quantidade de energia. Assim, fica evidente a necessidade de desenvolver compósitos cimentícios mais sustentáveis. Uma maneira de alcançar isso é através da substituição parcial da massa de cimento Portland por materiais cimentícios suplementares. Ao mesmo tempo, o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e consequentemente o maior gerador de resíduos desta indústria. Uma possível solução para reduzir os impactos ambientais é a utilização da cinza de bagaço de cana-de-açúcar (CBCA) como um material cimentício suplementar. Nesse caso, tem-se as seguintes vantagens: reutilização de um resíduo ambiente, redução da quantidade de clínquer e melhoria no desempenho do compósito cimentício. Embora o emprego da CBCA já é conhecido na literatura, a sua utilização em compósitos cimentícios com cura em autoclave ainda é uma novidade. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a influência da cinza de bagaço de cana-de-açúcar no comportamento mecânico de amostras submetidas a cura em autoclave. Argamassas foram moldadas com traço de 1:3:0,5 (cimento CPV: areia normatizada: água) e com teores de substituição do cimento por 0%, 10%, 20% e 30% de cinza de bagaço de cana-de-açúcar. As amostras foram conformadas em moldes cúbicos e após 24 horas foram desenformadas e enviadas para cura submersa na temperatura ou cura em autoclave a 220°C com pressão de 2,1 MPa, por 8 horas. Após a cura em autoclave, as amostras também foram mantidas imersa até a idade de ensaio. Foram avaliadas a resistência à compressão, porosidade, absorção de água na idade de 28 dias. A microestrutura foi analisada com microscopia eletrônica de varredura e difração de raios-X. Os resultados mostraram que a resistência à compressão não sofreu variação dos resultados até o teor de 20% de CBCA, com valores em torno de 42 MPa. No entanto, houve uma queda da resistência à compressão para 33 MPa quando o teor de CBCA foi de 30%. Com relação a cura em autoclave, a resistência à compressão reduziu em todas as amostras. Na amostra referência isso já era esperado, uma vez que não houve adição de fonte externa de silício. Com relação as amostras com CBCA, o menor valor também foi encontrado na amostra com 30%. Com relação a porosidade e absorção de água, houve um aumento de aproximadamente 3 vezes após o tratamento em autoclave. As imagens de MEV e DRX mostraram indícios da formação de cristais considerados prejudiciais em todas as amostras, e embora há indícios da formação de silicato de cálcio hidratado de baixa relação Ca/Si (tobermorita e xonotlita) devido a utilização da CBCA, o teor utilizado não foi suficiente para evitar retrocesso da resistência mecânica. Contudo, o retrocesso foi menor na amostra com utilização da cinza de bagaço de cana-de-açúcar.