Ref.: MceMcc20-001
Apresentador: Vitória da Silva Freitas
Autores (Instituição): Freitas, V.d.(Centro de Tecnologia Mineral); Conceição, M.N.(Centro de Tecnologia Mineral); RIBEIRO, R.(Centro de Tecnologia Mineral); Silva, R.E.(Centro de Tecnologia Mineral);
Resumo:
O uso de rochas ornamentais em arte funerária remonta ao século XIX e a presença deste tipo de patrimônio escultórico traz ícones teológicos como estátuas de anjos em mármore, foco deste trabalho, localizado no cemitério São Francisco de Paula na cidade do Rio de Janeiro. A escultura é a representação da essência da arte tumular cumprindo seu objetivo de confortar aqueles que ali lamentam perdas, entretanto, os danos citados acarretam alterações diretas de suas instâncias estéticas e históricas, tendo sofrido especialmente com o desprendimento parcial de uma das asas, comprometendo seu significado. A obra vem sofrendo com diversos danos causados por roubos e furtos de metais para venda, que acabam danificando a parte pétrea do monumento que, em conjunto com a exposição excessiva a intempéries como chuva ácida, depósito de poluentes, acarretam danos que, à primeira vista, podem parecer irreversíveis. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi caracterizar a escultura pétrea e seus níveis de degradação para recomposição de sua asa por meio de impressão 3D em pasta utilizando o pó do mesmo material pétreo que compõe o monumento. Para tal, foram realizadas análises macroscópicas, determinação de dureza, colorimetria e determinação de sujidades depositadas. Os resultados indicaram que a escultura é composta por mármore de Carrara com diversos pontos de fragilidade, visto os resultados de dureza que deveriam estar na ordem de 600 HLD se encontram em muitos pontos entre 200 e 300 HLD indicando o estado de desagregação e fragilidade da escultura. Foram verificadas alterações superficiais cromáticas por deposição de dejetos de animais, crostas negras e sujidades. Observou-se colonização biológica em vários pontos. Os principais poluentes encontrados são o NaCl e o enxofre, sendo este último o mais intenso, ultrapassando a 120 mg.L-1. O enxofre associa-se ao cálcio da rocha formando cristais de gipsita, que são pontos mais frágeis e aceleram a degradação da escultura. Após a determinação do tipo de rocha da escultura foram preparadas formulações, contendo Mármore de Carrara comercial cominuído, peneirado e separado em alíquotas retidas em 0,85 mm, 0,106 mm, 0,180 mm e passante em 0,180 mm em associação com resina epoxídica. Pôde-se concluir a possibilidade técnica de confecção de peças escultóricas utilizando pó de rochas idênticos às rochas de esculturas que foram vandalizadas ou sofreram ações intempéricas. Tal fato é de grande importância devido à ausência de escultores de pedras, que inviabilizam a restauração, gerando grandes lacunas volumétricas. Confirmou-se que a amostra contendo 29% de rocha a 0,85 mm, 43% de rocha a 0,106 mm, 14% de rocha passante em 0,180 mm e 14% de resina apresentaram melhores resultados de dureza de cerca de 430 HLD e com condições colorimétricas semelhantes a da escultura (L ~ 70º) assegurando sua reprodução em impressora 3D, permitindo sua reintegração à escultura seguindo-se os princípios da conservação e restauração.